Ser Enfermeira Oncológica me fez compreender o quanto a
nossa mente e as nossas emoções influenciam no processo saúde e doença. Somos
100% responsáveis pela nossa saúde. A doença é uma forma que o corpo tem para
comunicar nossas incertezas, inseguranças, frustrações, etc.
Cuidei de pacientes que tinham bom prognóstico, com
possibilidade de 99% de cura, mas que não evoluíram a contento. Lembro-me de
uma paciente portadora de câncer de ovário, com altíssima possibilidade de
cura. O tratamento estava indo bem até que a paciente descobriu seu real
diagnóstico. A família havia solicitado ao médico que não contasse o nome da doença
para a paciente, pois ela não suportaria esta informação. O médico manteve
sigilo enquanto a paciente não questionou, mas convenhamos, tratar de um câncer
é diferente de outros tratamentos: a pessoa precisa se internar periodicamente,
os cabelos caem, etc. A paciente questionou e a ética médica imperou, pois o
paciente tem o direito da verdade. Ao saber do seu diagnóstico, a paciente
evoluiu com uma arritmia cardíaca e morreu dois dias depois.
Também conheci pacientes com prognósticos fechados, que superaram
as expectativas da medicina. Cuidei de um paciente com câncer de fígado, com
metástases óssea e pulmonar. O tratamento seria apenas paliativo, para alívio
da dor, porém, o paciente respondeu tão bem ao tratamento que o médico tentou
um pouco mais, e uma outra droga, e mais outra... e ao final este paciente
conseguiu “encapsular” e isolar os seus tumores, voltando a vida normal. O que
este paciente tinha de diferente dos outros? Seu humor, a vontade de viver, a
alegria em comemorar a cada dia mais uma chance de vencer.
Trabalhar na oncologia me ensinou que hábitos de vida
saudáveis são importantes, mas não são suficientes se não cuidarmos da nossa
mente, do coração e do espírito. Leia-se aqui espírito como sinônimo de
evolução, e não com conotação religiosa.
Hipócrates (460-377 a.C.), o pai da Medicina, já definia a
saúde como o estado de harmonia do homem com a natureza, e o equilíbrio entre
os diferentes componentes do organismo entre si. Saúde e doença dependiam de
uma perfeita interação da mente com o corpo e do homem com o meio onde ele
vivia.
Fazer o que gosta, ser bem resolvido nos relacionamentos,
buscar o lado otimista da vida, falar sobre seus sentimentos, são alguns
caminhos para a saúde. A doença pode ser o percurso para a mudança de padrões e
valores que não se encaixam ao seu verdadeiro eu. Muitas pessoas precisam ficar
doentes para perceberem o que estão fazendo de errado na vida e dar um basta. Não
são poucas as histórias de superação e reinvenção após um longo processo patológico.
O processo da doença nem sempre é consciente do ser humano,
ou melhor, quase sempre é inconsciente. Na enfermagem precisamos ser solidários
não apenas no tratamento do físico, mas também influenciar a busca pela saúde
emocional, mental e espiritual. Você está preparado para fazer uma enfermagem
diferente?
Vamos ajudar a propagar a saúde!
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